Conheça algumas pioneiras da viagem solo que são pura inspiração
Ainda hoje em dia, em pleno século XXI, existe um certo tabu em relação a mulheres que viajam sozinhas. Imagine, então, no século IV!!!
Porém, desde aquela época (ao menos), algumas mulheres já demonstravam que queriam mais da vida além de seus corpos espremidos em seus espartilhos e das banalidades às quais eram submetidas.
O tema não é novo, eu sei bem, e é possível encontrar bons textos (e até livros) por aí, traçando a trajetória dessas viajantes pioneiras, de modo que vou me deter, aqui, a pontuar os detalhes e características das viajantes que considero mais interessantes.
Afinal, nunca é demais ressaltar a importância do legado deixado por essas mulheres que desafiaram a si mesmas e as sociedades em que viveram unicamente para realizarem o sonho de conhecer o mundo. Porque sim.
Inspire-se sem moderação:
Egéria: é considerada uma das pioneiras a desbravar o mundo. Ela foi autora de um livro de viagens no século IV e sua obra é conhecida como “Itinerário de Egéria”, descrevendo a sua peregrinação, sozinha, por Constantinopla (atual Istambul), Jerusalém, Egito, Capadócia e Síria. Egéria era conhecida por ser uma mulher independente e audaz e uma viajante muito curiosa. Nos seus relatos de viagem, há comentários entusiasmados sobre as paisagens que via, edifícios e vales.
Não à toa, Egéria, no dicionário, tem o significado de mulher que inspira.

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eg%C3%A9ria
Ida Pfeiffer: nasceu em 1797, em Viena, Áustria e foi uma exploradora e escritora de livros de viagens. Até os seus 45 anos, Ida era uma dona de casa que sonhava em viajar. Após criar os seus filhos, vendeu sua casa e seus pertences e iniciou suas viagens pelo mundo. Em suas viagens, ela levava um diário, onde fazia anotações sobre as coisas que via, o que servia de base para os livros de viagens. Geralmente, ela viajava com pouco dinheiro, dormia e comia nas casas de pessoas comuns e visitava lugares fora das rotas turísticas tradicionais. O início de sua jornada, em 1846, teve como destino o Rio de Janeiro, onde passou alguns meses. De lá, partiu para o Chile e atravessou o Pacífico, fazendo uma escala no Tahiti. Depois, visitou Macau, Hong Kong, Cantão, Singapura, Índia, Pérsia (atual Irã), Constantinopla (atual Istambul) e Grécia. O registro dessa viagem deu origem ao livro “Viagem de uma mulher ao redor do mundo”, publicado em 1850. Em 1851, Ida partiu para a sua segunda viagem ao redor do mundo. Dessa vez, ela visitou a Inglaterra, a África do Sul, a Austrália, os Estados Unidos, o Peru, o Equador e os Açores e o relato dessa viagem ficou registrado no livro “Minha segunda viagem ao redor do mundo”, publicado em 1856. Ida se tornou membro honorário das Sociedades de Geografia de Paris e de Berlim e recebeu uma medalha de ouro do rei da Prússia, por sua contribuição às artes e às ciências. Ela morreu de malária, aos 61 anos, em Viena.

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ida_Pfeiffer
Nísia Floresta: Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nasceu em 1810, no município de Papary, atual Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte. Foi uma educadora, poetisa e escritora de viagens e, também, uma grande defensora de ideais feministas e abolicionistas. Ao longo de sua vida, ela viveu no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Europa, onde escreveu seus relatos de viagens. É autora de 15 livros, publicados tanto no Brasil quanto na Europa. Seu primeiro livro de viagem foi “Itinerário de uma viagem à Alemanha”, com descrições das cidades e suas impressões pessoais. Em seguida, publicou “Três anos na Itália, seguidos de uma viagem à Grécia”. Nísia só parou de viajar nos últimos dez anos de sua vida e faleceu na França, onde havia fixado residência. Em 2012 foi inaugurado o Museu Nísia Floresta, no centro do município potiguar que leva o nome da escritora e fica a poucos quilômetros de distância da capital, Natal.

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADsia_Floresta_(escritora)
Isabella Bird: foi uma exploradora, fotógrafa e escritora britânica. Isabella nasceu em 1831, na Inglaterra, e foi uma aventureira incansável! Por volta dos seus 22 anos, após se submeter a uma cirurgia para a retirada de um tumor na coluna, ela viajou para o Canadá e os Estados Unidos. Ao retornar, escreveu seu primeiro livro de viagem: “The Englishwoman in America”. Mais tarde, já com 41 anos, Isabella viajou para o Havaí e acabou passando alguns meses por lá. Na sequência, Miss Bird se aventurou novamente pelos Estados Unidos, o que lhe rendeu outro livro de viagens, “A Lady’s Life in the Rocky Mountains”. Depois disso, Isabella não parou mais: explorou o Japão, Hong Kong, Singapura, Malásia, Índia, Pérsia (atual Irã), Turquia, Coréia e China.
Isabella foi a primeira mulher a fazer parte da Royal Geographic Society, em Londres; ela se casou uma única vez, aos 49 anos, não teve filhos e morreu em 1904, aos 73 anos, quando planejava uma nova viagem à China.

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabella_Bird
Nellie Bly: Elizabeth Jane Cochran, conhecida pelo pseudônimo Nellie Bly, nasceu em 1864, nos Estados Unidos. Trabalhou como jornalista investigativa e em 1888 convenceu o seu editor de que ela deveria fazer uma volta ao mundo, em uma tentativa de recriar a viagem de Phileas Fogg, personagem do livro A volta ao mundo em 80 dias, de Julio Verne. Um ano depois, em 1889, ela embarcou em um navio a vapor e iniciou sua jornada, levando apenas uma bagagem de mão e uma bolsa com libras, dólares e ouro. A sua viagem de volta ao mundo não só se completou como também quebrou o recorde do personagem de Julio Verne e, em 1890, Nellie Bly publicou o livro “Volta ao mundo em 72 dias”. Seu roteiro começou por Nova Iorque e seguiu por Inglaterra, França, Itália, canal de Suez, Malásia, Singapura, Hong Kong, Japão e São Francisco, retornando para Nova Iorque.
Nellie Bly também viveu alguns meses no México, onde fez jornalismo investigativo, e se infiltrou em um hospital psiquiátrico para mulheres, a fim de denunciar os abusos e irregularidades ali praticados.

Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nellie_Bly
Freya Stark: nasceu em 1893, em Paris, França. Foi uma exploradora anglo-italiana e escritora de viagens, tendo escrito mais de vinte livros sobre suas viagens ao Oriente Médio e Afeganistão. Seus livros são conhecidos por suas narrativas pessoais, com dicas práticas de viagem e descrições dos locais visitados, suas histórias e culturas. Algumas de suas obras mais importantes são “The Valleys of the Assassins” (1934); “The Southern Gates of Arabia” (1936) e “Letters from Syria” (1942).
Freya foi uma das primeiras mulheres não árabes a viajar pela Arábia, tendo visitado, ainda, a Turquia, a Grécia e a Itália (onde chegou a morar).

