Para quem acha que o litoral sul de São Paulo se resume à Baixada Santista (Guarujá, Bertioga, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe) a boa notícia é que essa parte do litoral não termina por aí. Um pouco mais adiante, temos Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, esta última já próxima à divisa com o Paraná.
E é no município de Cananéia que se localiza a Ilha do Cardoso, um lugar super especial e que ainda é bem preservado.
O Parque Estadual Ilha do Cardoso, tombado como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, abrange uma área de quase 14 mil hectares, com vários tipos de vegetação da Mata Atlântica e com alta diversidade biológica. Está inserido na região turística do Lagamar, composta, entre outras, pelas cidades de Cananéia, Ilha Comprida e Iguape, e que está localizada no Vale do Ribeira.
O acesso à ilha não é tão simples – é feito a partir do píer de Cananéia, de onde partem escunas e barcos até as comunidades tradicionais. Ou seja, o acesso é somente por barco, o que acaba colaborando para a preservação do local, que é um verdadeiro refúgio em meio à natureza.
A Ilha possui 3 Núcleos: Marujá, Perequê e Ilha da Casca, mas só os 2 primeiros são abertos à visitação, sendo o Núcleo do Marujá o mais desenvolvido, com a melhor estrutura de restaurantes e pousadas. Estas, geralmente, coincidem com as casas dos moradores – casas antigas, adaptadas. Há, também, opções de camping.
Para quem gosta de lugares rústicos, com praias desertas, cachoeiras e trilhas, a ilha é um prato cheio!
Mas esqueça internet e sinal de celular! Na ilha, nem energia elétrica tem. É um lugar para você se desligar de tudo e curtir o maior luxo de todos: o contato com a natureza!






E a aventura já começa desde a largada, no píer de Cananéia. Isso porque o trajeto até o Núcleo do Marujá, de barco (ou voadeira) dura, em média, 50 minutos, e o de escuna tem duração aproximada de 3 horas. Então, se barcos não são o seu forte, é bom se acostumar com a ideia de passar, pelo menos, 50 minutos dentro de um. Te asseguro que vale muito a pena!
Aliás, durante o trajeto, é possível avistar golfinhos – na verdade, é bem improvável que você não veja um. Eles são muitos!
Como eu disse, na ilha não tem energia elétrica – os moradores, em sua maioria pescadores descendentes de indígenas, fazem uso da energia solar, por meio de placas que ficam ao lado das casas, ou, então, de geradores. À noite, portanto, não há luzes fora das casas e, por volta das 23h, as luzes são apagadas, restando apenas o céu estrelado.
Eu não tive a sorte de dormir na Ilha – tinha me hospedado em Cananéia e, portanto, fiz apenas os passeios de barco até Cardoso. Mas certamente é um lugar para onde pretendo voltar e, dessa vez, para me hospedar na ilha.
Meu primeiro dia de passeio por lá foi para explorar a vila/núcleo do Marujá. O ponto de parada do barco é bem próximo à Pousada Ilha do Cardoso. Dali, a dica é caminhar pelo local e ir até a praia do Marujá, que fica a uns 10 minutos de caminhada. Você também pode alugar uma bicicleta para passear pela praia, que tem uma extensa faixa de areia e é quase deserta.
- Ali ao lado da Pousada Ilha do Cardoso tem um restaurante que serve um peixinho frito delicioso e é uma boa dica para a hora do almoço.
Para quem gosta de trilhas, a Ilha do Cardoso tem algumas opções como a Trilha da Cachoeira Grande, a Trilha do Morro das Almas e a Trilha do Sambaqui e do Costão Rochoso. Na época em que eu estive lá, ainda não tinha pego o gosto por trilhas, então não me aventurei, mas acredito que valem muito a pena!
Um lugar que eu acho que é imperdível é a Praia do Pereirinha, que fica mais próxima do centro de Cananéia. Para chegar até lá, é preciso pegar uma embarcação no píer de Cananéia, mas o trajeto é bem mais curto, comparado ao do Marujá. São cerca de 20 minutos do píer até a Praia do Pereirinha e justamente por ser um trajeto mais curto, também é bem mais barato.
É na Praia do Pereirinha que está a base do Núcleo Perequê, que possui um museu, um mirante e uma trilha suspensa sobre o manguezal. Para visitar o Núcleo Perequê é necessário o acompanhamento de monitores ambientais credenciados.
Ao desembarcar, você já será abordado pelos monitores e aí fica a seu critério fazer, ou não, a visita ao Núcleo.
Eu dediquei um dia para visitar a Praia do Pereirinha e quando cheguei lá, decidi ficar ali pela praia mesmo, porque priorizei a vista dos golfinhos que passavam bem pertinho da orla. Foi o lugar em que eu estive mais perto de golfinhos, soltos na natureza, e que aparentavam estar bem acostumados à proximidade humana.
Na minha opinião, se tiver que escolher apenas um passeio, a Praia do Pereirinha deve ser a sua escolha.
Mas eu acho que o ideal mesmo é passar pelo menos uns 4 dias na Ilha, com estadia lá. Eu fiz apenas bate-volta, em 2 dias (Marujá e Pereirinha), porque quis curtir Cananéia nos outros dois dias restantes, que ainda incluíram uma breve passagem por Ilha Comprida, e confesso que fiquei com um gostinho de quero mais.
Por falar em Cananéia, não tem como estar ali e deixar passar batido os encantos dessa cidade com imenso valor histórico, cultural e natural.
Eu simplesmente adorei Cananéia. Os casarios históricos, a Avenida Beira Mar, o píer, as embarcações no horizonte, a praça central com a Igreja de São João Batista nas cores azul e branco, os restaurantes e aquele ar de tranquilidade e paz de cidade pequena caiçara.
Cananéia, aliás, é apontada por muitos historiadores como o primeiro povoado do Brasil, que teria surgido muito antes de Martim Afonso de Sousa “fundar” São Vicente, em 1532, e até mesmo antes do Brasil ser oficialmente “descoberto”, em 1500.
Seja como for, é certo que a pequena cidade vale a visita!
Por ali, não deixe de passear na Avenida Beira Mar e pelo centro histórico. Um lugar bacana para visitar, também, é o Museu Municipal, que tem um acervo retratando a história e a cultura da cidade. Um dos atrativos do museu é um tubarão – segundo informações junto ao site da Prefeitura, o tubarão foi pescado em 1992, com 5,5 metros e 3.500 quilos, e é o segundo maior do mundo em exposição.




Para se hospedar em Cananéia, eu indico a Pousada Cardoso, onde fiquei. É uma pousada simples, mas confortável, limpa e serve um café da manhã gostoso. Está localizada no centro da cidade, bem próxima do museu.
Para comer, eu recomendo muito o restaurante Pont’s, localizado na Avenida Beira Mar. Ele é especializado em frutos do mar e apesar de não ser um local muito barato, a comida é excelente e valeu cada centavo. Foi simplesmente o melhor robalo que eu já comi na vida! Sem contar a decoração, repleta de antiguidades.
Outro restaurante muito bom é o Bacharel, que tem grande variedade de pratos e um ambiente bem acolhedor. O filé à parmegiana foi uma boa pedida.
*OBS: estive em Cananéia e Ilha do Cardoso em abril/2017.
Como chegar em Cananéia:
De acordo com o site da Prefeitura Municipal de Cananéia, saindo de São Paulo, de carro, você deve seguir pela BR116 (Rodovia Régis Bitterncourt) até o km 200 e continuar pela SP226. Passar pela cidade de Pariquera-Açú e, 16 km depois, entrar à esquerda no trevo. Seguir pela estrada e passar pela ponte Euclides Figueiredo que liga o continente á Ilha de Cananéia. Há a opção de seguir em frente até Porto Cubatão e atravessar pela balsa, mas o trajeto pela ponte é mais rápido.
Como chegar na Ilha do Cardoso:
Há saídas de barco ou escuna do píer de Cananéia. É só chegar lá e combinar com um barqueiro. Também é possível fazer a travessia, de barco, a partir de Ilha Comprida.
Os preços variam, de acordo com o meio de transporte escolhido – barco/voadeira ou escuna – e dependendo do trajeto. O trajeto até o Marujá é mais caro, por ser mais longo. Geralmente, o barqueiro forma um grupo, e então o valor é dividido por todos. Nesse caso, sai bem mais em conta, em torno de R$ 20 a R$ 25 reais por pessoa, a depender da quantidade de pessoas. De escuna é mais barato, mas demora bem mais. Já o trajeto até a Praia do Pereirinha é bem mais rápido, em torno de 20 minutos de barco. Parece que em 2021 o barco custava, em média, R$ 40,00 por pessoa, ida e volta.
Endereços e telefones dos estabelecimentos sugeridos:
Pousada Cardoso, em Cananéia: Rua Tristão Lobo, 62, Centro. Telefone: (13) 3851-1368.
Restaurante Pont’s: Avenida Beira Mar, 71, Centro. Telefone: (13) 99660-7263.
Restaurante Bacharel: Avenida Independência, 835. Telefone: (13) 3851-3443.
Museu Municipal: Rua Tristão Lobo, 78, Centro. Telefone: (13) 3851-1930.













































